domingo, 11 de janeiro de 2009

"Não quero ser o candidato de Wilma, mas ter o apoio dela em 2010", disse João Maia

O deputado federal João Maia (PR) admite que deseja ser candidato a governador e garante que já começou a elaborar a proposta de administração para o executivo estadual. Para o presidente estadual do PR, o ano de 2009 será destinado a mostrar o seu projeto de governo à população e mostrar que é possível ser executado.
"Quando for lá para maio de 2010 eu vou ver se fui capaz de convencer o povo do Rio Grande do Norte de que meu projeto é bom e, mais do que isso, que sou a pessoa adequada para executá-lo", destaca o deputado.
Com quatro pré-candidatos ao governo na base de Wilma de Faria, o próprio Maia, o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo, o deputado estadual Robinson Faria e o vice-governador Iberê Ferreira, João Maia diz que é o momento da união desses políticos para ajudar o atual governo. Ele vai mais além e observa: não quer ser o candidato de Wilma de Faria, mas contar com o apoio da chefe do Executivo estadual. E confirma que permanece o acordo com o deputado estadual Robinson Faria. Os dois querem manter a aliança em 2010. João Maia afirma que prevalecerá o nome de "quem estiver melhor".
A seguir a entrevista que o deputado federal João Maia, presidente estadual do PR, concedeu a TRIBUNA DO NORTE.
Como está a aliança que o senhor fez com o deputado Robinson Faria?Esse entendimento meu com Robinson Faria foi muito profícuo. Ele surgiu em função da questão de Natal, do acordo (do PT, PSB e PMDB) que foi feito em Natal que nos excluiu. Mas percebemos que deveríamos caminhar juntos na direção de 2010. Eu, realmente, tenho esse entendimento com relação ao deputado Robinson Faria e nada mudou em relação a isso.
Não é contraditório que dois líderes políticos façam uma aliança quando os dois têm o mesmo objetivo, que é a candidatura ao Governo?Veja você que estou trabalhando o meu projeto. O deputado Robinson está trabalhando o dele. O que combinamos é que quando chegar em 2010 vamos avaliar quem está em melhores condições de atingir seu objetivo. Esse é o entendimento, não vejo contradição nisso.
Qual será o ponto chave para definir quem será o candidato?O ponto chave tem que ser quem é mais viável, quem está mais viável. Há pesquisas e instrumentos científicos para você averiguar isso.
"Quando for lá para maio de 2010, vou ver se fui capaz de convencer o povo do Rio Grande do Norte de que meu projeto é bom e, mais do que isso, que sou a pessoa adequada para executá-lo".
O senhor admite que seu projeto para 2010 é a candidatura ao governo?Eu vou trabalhar o ano de 2009. Quero ser um deputado efetivo, atuante, tenho bom trabalho na Câmara. Mas eu vou trabalhar montando um projeto de governo, o que penso que o Rio Grande do Norte precisa, tanto do ponto de vista macro como regionalmente e até por cidades. E vou apresentar ao povo do Rio Grande do Norte esse projeto. E quando for lá para maio de 2010, vou ver se fui capaz de convencer o povo do Rio Grande do Norte de que meu projeto é bom e, mais do que isso, que sou a pessoa adequada para executá-lo.
Esse projeto de governo trará o tom de crítica à administração atual de Wilma de Faria?Eu defendo que o Estado do Rio Grande do Norte precisa cuidar da educação, da saúde, muito da segurança, mas digo que o diferencial que a gente precisa é um Estado parceiro, que construa obras estruturantes e atraia parceiro para geração de emprego e renda. E a outra questão que é uma realidade é que dois terços da população do Rio Grande do Norte moram em 26 cidades. Então, como temos 167 cidades, você percebe um grande esvaziamento no interior, onde precisa que se dê resposta. A interiorização do desenvolvimento não é só a questão da pessoa trabalhar onde nasceu, onde cresceu, mas também é uma política de defesa da Grande Natal, contra o inchaço da região metropolitana. Você precisa de políticas específicas para isso. Eu não vou fazer críticas a ninguém, mesmo porque essa situação não é obra de um governo. Veja que não temos porto, o aeroporto não saiu, tem uma longa história por trás disso.
Como será o seu programa de governo?Quero fazer um programa interativo, com a participação de todas as lideranças de todo Rio Grande do Norte, ouvindo a população. Tem uma forma de fazer isso. Não vou dizer tudo, mas estou trabalhando isso, conheço muito o Rio Grande do Norte, sou acostumado a pensar o Rio Grande do Norte. Eu vou elaborar e começar a falar dele e receber as críticas, sugestões, opiniões. Quero fazer um programa de governo, um projeto para o Rio Grande do Norte que seja construído interativamente, com lideranças, pequenos comerciantes.
O deputado Robinson Faria disse que é candidato natural, o vice-governador Iberê Ferreira também disse que é candidato natural. E a sua candidatura é natural?Iberê vai ser o governador na época. Tendo reeleição a candidatura dele é natural. A candidatura do deputado Robinson é legítima.
"O governo, para influenciar na eleição, precisa ter um desempenho que o habilite a isso".
A base da governadora Wilma de Faria tem quatro pré-candidatos (deputado federal João Maia, deputado estadual Robinson Faria, ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo e o vice-governador Iberê Ferreira). O senhor teme que essa base possa rachar com essa disputa?Uma coisa é ter o apoio da governadora, ter o apoio da então candidata a senadora, se for esse o projeto dela. Quem será o governador vai ser Iberê, se a governadora se desincompatibilizar para concorrer. Eu não acredito em ser candidato "de", embora os apoios políticos sejam importantes. Essa história de três lideranças escolherem um candidato eu não acredito nisso. Por mais forte que sejam as lideranças isso não é suficiente para alguma coisa. Mas se nós queremos ter o apoio da governadora, primeiro precisamos nos unir e isso está acontecendo, trabalhar forte para que o governo tenha um bom desempenho. O governo, para influenciar na eleição, precisa ter um desempenho que o habilite a isso.
É possível continuar com a união desses partidos que hoje estão na base da governadora (PR, PMN, PP, PTB, PT, PSB)?Acho que é necessário. Muitas vezes as pessoas sabem que é necessário, sabem que o rompimento vai causar prejuízo para todo mundo e não conseguem se entender. Como eu sou uma pessoa que acredita na negociação, costumo dizer que negocio. Evidente que você pode pensar em uma alternativa de segundo turno que é uma solução que deve ser examinada.
Seria mais plausível cada partido lançar seu candidato a governador para buscar a aliança no segundo turno?O entendimento pode ser que passe por isso. Talvez facilite ao invés de você excluir antecipadamente. Mas isso tem que se analisar. O fato de ter segundo turno facilita uma solução como essa.
"Eu tenho uma relação de muito respeito e carinho com o senador José Agripino, embora eu não tenha caminhado politicamente com ele desde que voltei ao Rio Grande do Norte, e talvez esteja na hora (de caminhar com José Agripino)".
O senhor se mostra muito próximo do senador José Agripino, mas ele está distante da governadora Wilma de Faria. O senhor prefere o apoio da governadora ou do senador José Agripino?Prefiro dos dois. Eu tenho uma relação de muito respeito e carinho com o senador José Agripino, embora eu não tenha caminhado politicamente com ele desde que voltei ao Rio Grande do Norte, e talvez esteja na hora (de caminhar com José Agripino). Em 2002 fiquei com Lula, em 2006 fiquei com Lula e Wilma. Eu não misturo essas questões. Mas acho que o senador José Agripino Maia representa muito bem o Rio Grande do Norte, faz o papel dele que é de oposição. Ele deve ser oposição mesmo e faz com eficácia.
O senhor disse que vai trabalhar para viabilizar seu projeto de governo, mas o senhor cogita buscar uma vaga para ser candidato ao Senado?Eu não avaliei essa questão. Hoje eu vou elaborar o projeto de governo e vou avaliar qual a possibilidade real que eu tenho de convencer o povo do Rio Grande do Norte desse projeto e de que o executor do projeto sou eu. Vou mostrar que esse projeto é o melhor e eu posso executar.
A governadora Wilma de Faria disse que decidirá o candidato ao governo em dezembro de 2009. Isso quer dizer que começamos agora uma corrida entre os pré-candidatos?Eu não acho que a governadora vá escolher candidato em dezembro de 2009. Só vamos definir quem é candidato lá para maio de 2010, tem muito tempo na chuva e no sol. A governadora é líder, quer coordenar o projeto da sua sucessão, mas comigo ela não conversou sobre prazos.
Nesta segunda parte da entrevista, o deputado João Maia afirma não ter uma decisão tomada sobre os nomes que vai apoiar em 2010 para o Senado. A decisão será condicionada às negociações para viabilizar o projeto político dele numa possível disputa pelo governo. E comenta que o PR, partido que preside no RN, tem um espaço "muito pequeno" na administração estadual.
A disputa para o Senado tem três candidatos já lançados, Wilma de Faria, Garibaldi Filho e José Agripino. Sua chapa para o Senado vem com quem?Isso vamos decidir na frente.
Já escolheu pelo menos um candidato?Veja, eu tenho um projeto político. Eu quero discutir o projeto nesse contexto. Não vou sair declarando voto.
O senhor está satisfeito com o espaço do PR no governo do Estado?Espaço você sempre quer mais. O espaço no PR no governo do Estado é muito pequeno.
O PR indicará o sucessor de Marcelo Rosado na Secretaria de Desenvolvimento Econômico?Eu já conversei com a governadora sobre a questão de espaço, mas defini que vou apoiar o governo da maneira que eu posso, da melhor maneira que posso, mas não vou mais brigar e nem reivindicar qualquer espaço.
E o espaço que a prefeita de Natal Micarla de Sousa destinou ao PR?Eu estou satisfeito, foi o combinado. Na verdade, espaço é uma questão de onde eu posso ajudar. A ida de Kelps (Lima) para STTU era em função de ajudá-la mais em Brasília, em função de ter o ministro dos Transportes (Alfredo Nascimento, do PR) que é nosso amigo. Tenho uma forma diferente de ver isso, não sou brigador por espaço.
Então a prefeita Micarla teve um olhar mais atencioso para o PR do que a governadora Wilma?Não coloque nesses termos. Não é isso. A prefeita Micarla, com o PR, cumpriu exatamente o que combinou.
Como o PR inicia 2009? A eleição de 2008 consolidou o Partido da República como um partido estadual. Para você ter idéia, das 26 cidades do Rio Grande do Norte com mais de 20 mil habitantes, o PR administra cinco. A quarta cidade, que é São Gonçalo, tem prefeito do PR, a quinta, que é Ceará-Mirim, também, a sexta que é Caicó, tem prefeito do PR. Canguaretama, que é uma cidade importante, o prefeito é do PR. Em Baraúna, a prefeita é do PR. Temos 17 prefeitos e 23 vice-prefeitos. O PR tem o prefeito de Venha Ver, que é lá a última cidade do Oeste, e de Jundiá. Tem cidades pequenas. Ele virou um partido estadual e hoje tem força política. Considero o PR um partido grande, mesmo porque concorremos a cargo majoritário em quase todas as cidades. Não conta só onde a gente ganhou. Mesmo onde não ganhamos, temos uma expressão política significativa.
O PR chega em 2010 com um desenho diferente do que foi para eleição em 2006?Não resta a menor dúvida em relação a isso. Estamos falando de um partido que. na Grande Natal, vai administrar São Gonçalo e Ceará-Mirim.
Qual o balanço que o senhor faz da atuação da bancada federal do Rio Grande do Norte?A bancada do Rio Grande do Norte tem uma expressão polítcia no Congresso muito grande, seja no Senado, com o presidente do Congresso, e o líder do DEM no Senado; seja na Câmara, onde o deputado federal Henrique Alves é o líder do PMDB. E, portanto, isso facilitou alguns pleitos do Estado. Nesse final de ano, a inclusão da BR 226 no PAC, a questão do Vale do Açu e Chapada do Apodi, com recursos assegurados para continuidade. O que nós não conseguimos de pleitos antigos foi acelerar como devíamos a questão do aeroporto. O Aeroporto de São Gonçalo do Amarante e a Zona de Processamento de Exportação é um projeto vital para o desenvolvimento do RN. Acredito que o Estado deve apostar em um porto, como fez Pernambuco e Ceará. Essa luta da refinaria e outros grandes investimentos sem uma infra-estrutura portuária é muito difícil.
Fonte: Tribuna do Norte

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