sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Dia do penta

Era uma manhã de domingo, 30 de junho de 2002, naquele dia milhões e milhões de brasileiros esperavam ansiosos por mais uma vitória da nossa seleção para a conquista do Penta. Estava eu assistindo ao jogo sentado na área da casa de Dona Pretinha na companhia de Zé Bicudo à espera da minha cadeira de rodas que estava vindo da oficina de Zé Piroca, onde Zé de Gato havia feito uns retoques na pintura depois que Turuba tinha consertado uma das câmaras de ar furada num espinho de Limoeiro, quando de repente vi Zé Cajarana se aproximando com o seu bornal trazendo um Gavião, um Guiné e um Tejinho que ele tinha pegado na arapuca que Chupinha havia preparado enquanto conversava com Chaga da Fuba sobre a morte de Ciriaca, Chica Pitila e Sebastiana Tejo. À sombra de uma árvore onde havia um Macaquinho pulando de galho em galho, Pedro Farofa jogava sueca com João Bolinha aguardando o cambista Antonio Buchudo passar gritando que o bicho foi Vaca na banca de Fuxico. Enquanto isso, Zé Pezão fazia sua fezinha arriscando no Gato com o cambista Bodinho. Do outro lado da rua, Severina Buchinho fofocava com Zefa Ovelha sobre a confusão que Zé Socó e seu irmão Peta tinha armado no bar de Corrinha de Zé Bodinho, por que segundo eles, haviam encontrado uma Formiguinha numa porção de Galinha Torrada que estavam degustando juntamente com os amigos Piricoca e Zé Titela. Como se não bastasse a fofoca das duas comadres, Mitoca chamava a atenção de Zé Pinto e Meu por eles terem derramado uma xícara de Chá Preto que estava na sua mão para entregar a Milica que passava mal do estômago. No final da tarde resolvi passear um pouco, e quando passava pela rua Aristófanes Fernandes, ouvi Lourdinha neta de Curau chamar Rita de Molico que estava na bodega de Cisso Babão conversando com Nó Cego para ir à casa de Zé do Galo visitá-lo, que segundo comentários de Chico Zebra e Quinino ele tinha sido vítima da picada de uma Cobra Cega quando caçava e metera a mão num esconderijo de um Tatu. Fiquei curioso e resolvi segui-las. Chegando à casa da vítima, achei algo que despertou a minha curiosidade: um Pica-pau batia constantemente com o seu bico pontiagudo num Toquinho onde um Rato Branco estava se refugiando de um enorme Gabiru que lhe perseguia na banca de bananas de Zé Vaqueiro. Em meio a tantos curiosos, um menino travesso atirou um Sabuguinho num Lampião que estava aceso em cima de um Pilão e bem próximo de Buchudinho que olhava atentamente para Dedé de Balóia que não parava de dar Mussica. Como já tinha feito a minha visita, resolvi dar um passeio pelo centro da cidade e acompanhei os amigos Chico Cego e Zé Queté até o canal para ver a movimentação do fim de semana, comer um Preá e um Filé no bar de Birino e depois tomar um suco de laranja no trailer de Bolinha ouvindo uma música de Pupila Pop na companhia do mecânico Tranca Rua. De repente começou a se formar uma tempestade e fiquei assustado. Mesmo assim continuei a viagem e à medida que me aproximava do canal enfrentava uma grande ventania. Inesperadamente um raio de grande proporção provocou a queda de um Curisco, aterrorizando todas as pessoas que estavam naquele local. No meio daquele corre-corre, encontrei Pingüim todo arranhado em conseqüência de uma Barruada que tinha dado numa Barra de Aço quando guiava a moto de Burrão dando carona a Beleléu. Mesmo naquela aflição, chamei o taxista Juarez Peba para socorrê-los e leva-los ao hospital. Chegando lá, as enfermeiras plantonistas Maria de Moca e Maria de Birro, faziam os últimos curativos num ferimento que Maroquinha tinha na perna direita desde que bateu na bicicleta de Zezinho Casca de Peido quando saía do açougue de Chico do Touro. O tempo passou e com ele a tempestade também. Atordoado com aquela situação e sem condições de guiar meu meio de locomoção, vi o prefeito Patrício Júnior que atende pela a alcunha de Doido no carro de João da Burra acompanhado por Ratinho de Zé de Major. Pensei comigo mesmo: vou pedir uma carona ao prefeito. Pedi e ele sempre atencioso não fez questão. Saímos em disparada e fomos parar no bar de Pé de Ferro para comer um Peba torrado. Ao descermos do veículo, demos de cara com Piriquita na companhia de Primo, Cacá, Cocô e Marluce Catingueira, tomando umas e outras para afogar suas mágoas tentando esquecer Véi de Atemisto que a havia trocado por Cara de Choro. Passaram-se alguns minutos e aquela pobre mulher abandonada por seu grande amor despediu-se dos seus amigos e saiu noite afora Sem Destino sem que ninguém mais soubesse do seu paradeiro.
Texto com os apelidos de
pessoas da cidade de
Jardim do Seridó
Autor: Paulo Mello


fonte:jardim do seridó

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