sábado, 27 de dezembro de 2008

Balanço: Sectur é otimista com turismo


Há quem diga que o desempenho do turismo natalense não foi dos melhores este ano. A instabilidade do dólar fez com que muitos turistas internacionais fugissem de destinos como Natal, mas isso aconteceu à medida em que os turistas brasileiros começaram a apostar ainda mais na capital potiguar. Mas problemas à parte, o setor tem o que comemorar. A aprovação de projetos como a Marina de Natal, orçada em R$ 100 milhões, bem como a construção de quatro boxes de informações turísticas nas entradas da cidade, agora em 2009, também são comemorados pelo atual secretário municipal de Turismo, Fernando Bezerril, que no próximo dia 31 encerra um mandato de quatro anos à frente da pasta. Em balanço divulgado esta semana, em um documento de mais de 100 páginas que reúne as principais realizações da Sectur nos últimos quatro anos e um planejamento estratégico para os próximos quatro, Bezerril destaca, entre outros projetos, a aprovação da Marina de Natal, considerado um dos ‘‘redentores’’ dos turismo potiguar. ‘‘A marina vai mudar o perfil do turista do nosso Rio Grande do Norte’’, aposta o quase ex-secretário. Em Salvador, cita ele como exemplo, a marina já funciona há dez anos e contabiliza hoje 60 mil empregos. A promessa é que o projeto natalense siga o mesmo caminho. Os planos já estão finalizados e aprovados, inclusive na área ambiental, considerada a mais difícil. O estudo da Sectur foi realizado ouvindo os principais parceiros no fomento à economia do estado, como Sebrae, Banco do Nordeste, Fecomercio RN, Sesc, Coohotur, ABIH RN, Natal Convention Bureau e vários empresários donos de hotéis, pousadas e agências de viagens. Conforme explica Bezerril, o documento é o resultado de uma pesquisa que mostra qual é o verdadeiro papel da Sectur. ‘‘Todo mundo acha que a secretaria estadual e municipal têm o mesmo papel, mas é diferente. A Sectur tem o papel de cobrar limpeza, iluminação, segurança’’, enumera. Durante a sua gestão, que é bem relatada na pesquisa realizada, Bezerril levantou duas bandeiras: a do turismo náutico e de negócios. No ramo náutico, a secretaria criou em maio deste ano a Associação Norte-rio-grandense das Empresas de Mergulho Autônomo e Turismo Náutico - Amanautica, que visa fortalecer esse tipo de segmento no estado. Uma outra idéia que surgiu foi ‘‘copiada’’ de Recife: fazer o naufrágio de barcos que estão nas mãos do governo do estado sem destinação, levando-os para a costa e promovendo o turismo - milionário, diga-se de passagem - de mergulho. Outro projeto defendido pelo quase ex-secretário é a construção de uma estação de passageiros no Porto de Natal. Quando a operadora estrangeira Lauritzen deixou de operar no Rio Grande do Norte, deixou um galpão vazio nas instalações do terminal portuário potiguar. ‘‘Eu pedi que colocassem em questão fazer a estação ali, porque nosso porto deverá ficar totalmente voltado para o turismo, já que nós não podemos disputar nem com o porto de Pecém, no Ceará, nem com Suape, em Pernambuco’’, destaca. A Sectur ainda desenvolveu um terceiro grande projeto, ainda em turismo náutico, que é a construção de um terminal marítimo para pequenos barcos no local onde deverá funcionar a Marina de Natal e onde está a pedra do Rosário. O projeto, orçado em R$ 2,7 milhões, já está no Prodetur. A idéia de fazer um heliporto com capacidade para 50 helicópteros também é defendida por Bezerril. ‘‘Nossa idéia é construir na margem do rio Potengi. Natal tem hoje de 25 a 30 helicópteros voando para passeios panorâmicos, com empresários e turistas. Nosso projeto é construir o heliporto numa área de cinco hectares’’, detalha ainda. Perguntado se todos esses projetos poderão ser aprovados, principalmente agora que a gestão de Carlos Eduardo Alves acaba de terminar, Bezerril acredita que sim. ‘‘Eles são uma necessidade para Natal e é do total interesse da cidade’’, defende, emendando que outra idéia desenvolvida na Sectur foi o ônibus double deck, com duas cambines, projetado para fazer passeios turísticos por toda a cidade na alta estação. Seriam mais R$ 2,7 milhões em investimentos privados e, a cargo da STTU, ficaria o papel de licitar as linhas. ‘‘Temos duas empresas brasileiras interessadas nesse projeto. Cada pessoa pagaria R$ 15 pela pulseira e teria direito a 24h de passeio’’, destaca. Orçamento de 2009 é 'uma vergonha' Para o secretário, o orçamento de R$ 3 milhões aprovado para o ano de 2009 é uma ‘‘vergonha’’. Na realidade, a verba ideal para suprir as necessidades da Sectur e promover o desenvolvimento de projetos no segmento turístico da capital seria de pelo menos R$ 16,5 milhões. ‘‘É vergonhoso. Nós sugerimos quase R$ 17 milhões e só conseguimos R$ 3 milhões. Não é possível que daqui pra frente não apareça um político mais ousado e corajoso, que entenda que esse é o segmento que mais emprega e gera renda no estado’’, desabafa. O orçamento de 2009 destina R$ 518 mil para a construção dos boxes de informações turísticas, R$ 23 mil para capacitação de recursos humanos para o turismo, R$ 650 mil para o fortalecimento do fluxo turístico, R$ 1 milhão para as despesas com pessoal, R$ 329 mil para manutenção e funcionamento da Sectur, R$ 16 mil para sinalização turística, R$ 31 mil para o turismo pedagógico, R$ 192 mil para banheiros públicos, R$ 50 mil para preservação e conservação dos bens imóveis, R$ 101 mil para o fortalecimento do Fundo Municipal do Turismo e, por fim, R$ 102 mil para melhoria da infra-estrutura da cidade, que totalizam pouco mais de R$ 3 milhões. Na sugestão elaborada pela Sectur, dentro do estudo de planejamento estratégico, R$ 698 mil seriam destinados aos boxes de informações, R$ 230 mil para capacitação, mais de R$ 5 milhões para o fortalecimento do fluxo turístico, R$ 1 milhão para administração de recursos humanos, R$ 329 mil para manutenção e funcionamento da Sectur, R$ 700 mil para sinalização turística, R$ 180 mil para o turismo pedagógico, R$ 192 mil para os banheiros públicos químicos, R$ 50 mil para preservação e conservação de bens imóveis, R$ 645 mil para o fortalecimento do FMT e R$ 14,9 milhões para melhoria da infra-estrutura turística, que incluem a construção do terminal de passageiros, banheiros públicos nas praias, mirante do Morro do Careca e de Mãe Luiza, entre outros. ‘‘Tudo isso que sugerimos foi estudado, pensado, detalhado. Não chegamos e simplesmente ‘chutamos’ um orçamento. Sabemos que nossas necessidades são essas, mas infelizmente não há recursos disponíveis’’, lamenta Bezerril. No planejamento estratégico, tanto em 2009 quanto em 2010, 2011 e 2012 a sugestão do estudo da Sectur é um orçamento de R$ 16,5 milhões. Planejamento visa infra-estrutura O estudo elaborado pela Sectur, que sugere ações e planejamento para os próximos quatro anos no turismo potiguar, destaca a melhoria da infra-estrutura da cidade como uma das prioridades. A implantação da Marina do Natal, a construção do terminal turístico do Porto de Natal, o heliporto, os banheiros públicos nas praias, a criação do CAT - Centro de Atendimento ao Turista, os ônibus panorâmicos, bem como a construção do aeroporto de São Gonçalo do Amarante com a ZPE, além da duplicação das rodovias e a transformação do antigo Grande Hotel em albergue, com a administração da ABIH RN, são algumas das sugestões da pesquisa. Para Fernando Bezerril, tudo isso será cobrado da nova gestão municipal de Natal. ‘‘Esse estudo foi feito junto com o trade, quem chegar na prefeitura não vai ter como negar’’, acredita, se referindo ao novo secretário nomeado para o cargo, Soares Júnior. O atual secretário ainda sugere um maior cuidado com a segurança pública, além da capacitação das pessoas que trabalham com o turismo - organizando, inclusive, oficinas de ‘‘sensibilização’’ com a população natalense, para que ela também entenda que pode ajudar no fortalecimento do turismo potiguar. Tudo isso porque, segundo Bezerril, o destino Natal em nível nacional já está consolidado, mas precisa de uma manutenção. Já o internacional deve ser deixado para depois. ‘‘Se temos limitação de recursos, não vamos ficar correndo atrás deles’’, defende. O estudo ainda sugere que todas as secretarias trabalhem em sinergia com a Secretaria Municipal de Turismo, além da criação de uma Guarnição Turística que fique em todos os pontos da cidade, que teria efetivo da Guarda Municipal em parceria com as polícias Civil e Militar. A realização de eventos como Mini Maratona de Natal, Natal Restaurante Week, Natal em Natal, Corrida de Aventura e Carnaval em Natal também são alternativas apontadas pelo planejamento estratégico. A criação de um espaço na rampa da Marinha para ser utilizado pela Amanautica, voltado para os serviços de mergulho e passeio pelo rio Potengi, também é outra sugestão apontada. ‘‘Sugerimos ainda pôr em prática a Lei Municipal existente, concedendo isenções fiscais para serviços realizados com eventos, além da implantação de uma sinalização turística bilíngue em todo o município, principalmente nos corredores turísticos’’, acrescenta Bezerril.

fonte:dn online

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