domingo, 16 de novembro de 2008

Número de homicídios na Grande Natal segue em alta


Os primeiros dez meses de 2008 revelam uma tendência de crescimento dos homicídios na Grande Natal e bairros de Natal. É o que mostra um levantamento preliminar realizado pela Coordenadoria de Direitos Humanos e Defesa das Minorias (CODEM), Centro de Atendimento às Vítimas da Violência, Centro de Combate à Homofobia e Comitê das Vítimas da Violência, a partir de laudos do ITEP.
Parnamirim, Macaíba e Nísia Floresta já superaram a média de todo o ano passado. Nos primeiros dez meses deste ano, ocorreram 90 homicídios. Oito a mais que 2007. São José do Mipibú igualou o número, somando 11 mortes. Já em Natal, os bairros Rocas, Pajuçara, Redinha, Planalto e Candelária são exemplos dos que ultrapassaram os números de 2007. ‘‘É importante fazer esse levantamento para ver onde estão ocorrendo os homicídios na nossa cidade e como as políticas públicas devem concentrar os esforços’’, explicou o coordenador da CODEM, Marcos Dionísio.
A partir desses dados, Dionísio diz que os crimes vêm sendo cometidos com frequência na periferia de Natal e nas fronteiras com Macaíba, São Gonçalo do Amarante e Parnamirim, onde se observa uma ausência de equipamentos do poder público e uma ‘‘absurda’’ desigualdade social, como classificou. ‘‘Nessas áreas, verifica-se também a falta de pavimentação de ruas, de iluminação pública, regulamentação fundiária e é caracterizada também por uma forte incidência do uso do crack e do álcool, cujo rastro é facilmente encontrado nas ocorrências’’, disse.
Na opinião de Dionísio, a violência só será amenizada com a implementação de uma série de políticas públicas nas áreas de saúde, educação, cultura, lazer, esporte, habitação, geração de renda e qualificação profissional. Ele concorda que uma melhor atuação da polícia também seja necessária, visto que a impunidade, segundo ele, é também um incentivo para que ‘‘pessoas do povo e criminosos busquem resolver suas diferenças com a utilização sobretudo de armas de fogo’’.
Os homicídios por arma de fogo, inclusive, apareceu no levantamento como a maior causa das mortes. Este ano em Natal, por exemplo, foram 219 vítimas. Enquanto arma branca, espancamento e outros motivos representam juntos 40 mortes. Em Parnamirim, 38 pessoas foram mortas por arma de fogo, enquanto as outras causas somaram 9. ‘‘É necessário também que a inteligência das polícias identifique os locais onde se pode adquirir armas de fogo com facilidade, voltando a repressão para quem está armando nossa juventude para essa guerra civil não declarada’’, alertou Dionísio.
Aliás, o levantamento mostrou ainda que a maioria das mortes é de jovens e homens. Entre 0 e 29 anos, a porcentagem de homicídios é de 64%, sendo a maior incidência na faixa entre 11 e 29 anos. Do total de mortes registradas, apenas 6,9% são mulheres. ‘‘Mesmo sem conhecer os autores dos crimes, nós ousamos afirmar que a nossa juventude está matando e morrendo por falta, sobretudo, de perspectiva e por desespero ancorados em uma publicidade que estimula o consumismo e que nega os meios materiais de acesso aos bens de consumo’’, afirmou o coordenador.
Acreditando que a diminuição da violência também depende do envolvimento da sociedade civil, Marcos Dionísio convoca todos os cidadãos a ficarem atentos aos debates públicos sobre políticas públicas, como a 1ªConferência Nacional de Segurança Pública, que deve acontecer no primeiro semestre de 2009. ‘‘Nós precisamos responder sobre que políticas de segurança pública nós queremos, como elas serão implementadas e como a sociedade civil vai controlá-la’’, explica.
BAIRROS E REGIÕES DA CAPITAL
A Zona Norte de Natal continua acumulando o maior número de homicídios das quatro zonas da cidade. Foram 121 mortes, sendo 32 em Nossa Senhora da Apresentação e 30 em Lagoa Azul. ‘‘A zona norte foi responsável nesses primeiros dez meses por 48% dos homicídios cometidos na cidade’’, frisou Dionísio. E completou dizendo que ‘‘o poder público está ausente da zona norte’’.
Em segundo está a Zona Oeste, com 82 homicídios. O bairro Planalto já superou os números do ano passado e é também o que teve mais mortes da região. Foram 19. Em seguida veio o bairro de Felipe Camarão, com 18 casos. ‘‘A zona oeste, até agora, teve um percentual de 31% dos homicídios de Natal’’, disse Marcos Dionísio.
A Zona Leste somou 42 casos, sendo dez em Mãe Luiza e nove nas Rocas, bairro este que teve dois homicídios em 2007. A Zona Sul apresentou um número de 14 homicídios. Quatro deles aconteceu em Candelária e cinco em Ponta Negra.
Gidália Santana Da equipe de o poti
Fonte:dnonline

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